Leituras de Setembro/2015

... eu sei, eu sei. 

A grande realidade é que eu não sou multitarefas e raramente consigo manter mais de um projeto de cada vez. Não é que eu tenha esquecido completamente do blog ou tenha perdido o interesse. Muito pelo contrario. Para cada livro lido eu pensava "PQP, eu preciso falar sobre esse livro no @lavemagabriela!"  e, como prova disso, tenho cerca de vinte audios onde eu converso sobre alguns dos livros que li desde setembro. Não vou ser louca de prometer resenhas, nem estar aqui mais regularmente agora que estou de férias tanto da universidade quanto do trabalho porque, da última vez que fiz uma promessa desse tipo, não consegui mantê-la. Isso não significa que não vou tentar. É hora de abrir as janelas, tirar os lençóis e colocar a roupa suja em dia.

Começando pelo wrap up do mess de setembro. No mês do meu aniversário eu li um total de sete livros e duas novelas. Vamos aos títulos.

Bichos, de Miguel Torga
no goodreads | no skoob | ★★★★

Bichos foi o livro que caiu no meu colo para me aprofundar nas aulas de literatura portuguesa e cara, se não foi um livro que despertou uma curiosidade acadêmica que poucas vezes aparece. No clássico do século XX, Miguel Torga monta sua pequena Arca de Noé e nos conta em contos a história de quatorze personagens que são parte bicho, parte homem. Influenciado pelo pensamento existencialista, em todos esses contos observamos a luta do subjugado, da condição humana como criatura. Torga é claro em sua mensagem, na sua luta contra qualquer tipo de amarra, contra o idealismo religioso, contra instituições e ideias que limitam e tiram do ser humano aquilo que ele tem de mais preciso: sua existência e sua liberdade. 

#Nerd; #Hater; #Player, da Cambria Hebert

no goodreads | no skoob (#1, #2 e #3) | ★★★★★

Os livros da Cambria Hebert certamente foram um dos maiores achados desse ano. Na série new adult intitulada #hashtag (how cool is that?!) iniciada em #Nerd somos introduzidos a dois dos maiores opostos da universidade Alpha U. Rimmel é a típica nerdona, que passa muito tempo lendo não-ficção e trabalhando como voluntaria em um abrigo para animais abandonados. Roman é o típico jogador de futebol americano: gato, galinha, sem nenhuma intenção de se amarrar a nenhum poste por muito tempo. Não é à toa que todos o conheçam como Romeo. O universo dos dois não poderia ser mais distante, mas é claro que eles encontrariam uma forma de colidir. 

O mais incrível para mim, o mais único é que esse é uma série, uma história, que começa como qualquer outro new adult despretensioso mas não demora muito para adotar um tom mais sério, com cenas de ação e conflitos de dar arrepios e embrulhar o estômago. A escrita da Hebert é uma delícia. A autora consegue transpor muito naturalmente todos os sentimentos de todos os personagens, secundários ou não, o que é bem difícil em livros narrados em primeira pessoa. Bem como ela conseguiu balancear muito bem a gravidade de algumas situações com a personalidade leve, fascinante dos personagens que ela nos introduz ao longo dos três primeiros livros. 

É uma pena que tão pouco se fale sobre essa série. Acho de verdade que ela merece tanto zum-zum-zum quanto os grandes títulos do gênero. Para quem está tentando encontrar o livro perfeito para se expor pela primeira vez ao new adult, #Nerd e seus sucessores são os que eu indicaria :)

#Selfie, da Cambria Hebert

no goodreads | no skoob | ★★★★★

Apesar de pertencer à série #Hashtag, em #Selfie nosso foco muda para outro casal. Casal esse aliás, que não vou identificar abaixo porquê spoilers! Agora, não me entenda mal, Rome e Rim são o book-couple dos sonhos e eu os amo, amo a trajetória deles e amo a forma que eles superaram cada obstáculo que foram aparecendo na frente deles. Mas foi em #Selfie que meu carinho por essa série tomou residência no meu coração de vez e se tornou a minha predileta no que se trata de new adult. No quarto livro da série, tópicos como cyberbullying e slut-shaming são levantados e reparei que, mais do que gostar desses personagens individualmente, sou apaixonada por como eles são uma unidade sólida quando estão juntos. O senso de amizade, de família, é emocionalmente esmagador (apesar de ser peso leve em comparação ao que vem nos próximos dos volumes finais da série...) Não há muito que possa falar sem largar um spoiler no colo de vocês, mas hey, você pode sempre ler os livros e voltar aqui para discutirmos qual casal foi mais tocante :')

Battle Royale, do Koushun Takami

no goodreads | no skoob | ★★✩

Minha experiência com Battle Royale fez com que o livro fizesse jus ao seu título. Eita livro difícil de terminar, classificar e digerir. Acho que meu maior problema aqui foi que eu não soube dizer qual era o ponto que Takami queria defender aqui, ou se sequer havia um. Do segundo terço para frente minha impressão era de que tudo o que ele queria era chocar e, ainda que não tenha nada de errado nisso, esse simplesmente não é o tipo de livro que eu curto. No livro 42 estudantes do 9º ano são jogados em uma cidade fantasma, munidos com armas que vão de garfos à metralhadoras, e são instruídos a matar uns aos outros até que apenas um sobreviva. E sim, ele foi lançado antes de Jogos Vorazes. Ao contrário dessa última, tho, nada nessa história fez com que eu me importasse. Nada chamou minha atenção além das cenas super gráficas sobre a morte das crianças, e eu preciso de um pouco mais que isso em uma história. Pareceu duas vezes mais longo do que ele realmente é, graças às descrições quilométricas (isso vindo da pessoa que leu Eça de Queiroz esse semestre e se apaixonou). Ainda assim, parece injusto dizer que é um livro ruim. Talvez um pouco além pros meus parâmetros? Claro. Mas ao mesmo tempo foi uma experiência muito singular. Acho que é um daqueles que só lendo pra crer.

This Lullaby, da Sarah Dessen

no goodreads | no skoob | ★★★✩

Em This Lullaby nós conhecemos Remy, filha de uma das maiores romancistas dos Estados Unidos hoje em dia. O problema é que sua mãe troca de marido como se estivesse trocando de roupas. A história começa exatamente quando mother dear está prestes a se casar pela quarta ou quinta vez, é difícil de manter as contas. Aparentemente, com a mudança de padrastos vem também as mudanças de comportamento. Basicamente, Remy tem que aprender a lidar com esse cara novo em sua casa, em sua família, e todas as inconsistências que ele traz consigo.

Esse é o quarto livro que li da Sarah e, por mais que vários elementos tenham sido 10/10, como o grupo de amigas e de como dessa vez eu consegui enxergar muito melhor pelo ponto de vista da mãe despirocada, de todos, senti que esse foi o que menos me identifiquei. Talvez tenha sido porque o romance não tenha passado a sensação de estar "integrado" ao que acontece na vida familiar da Remy, ou eu simplesmente não senti por eles da mesma forma que senti pelos outros casais da Dessen. Alguns elementos mínimos pareceram mal explorados, como o relacionamento dela com o irmão mais velho e tals. Vou dizer que foi um dos finais felizes de YA Contemp. mais realistas da história e posso ou não ter derramado uma lagriminha, mas sei lá, não foi meu favorito.

Unite Me, da Tahereh Mafi

no goodreads | no skoob | ★★★✩

Graças ao shuffle do Moon+ Reader trombei em Unite Me e vou te contar, o momento foi perfeito. Vou confessar que Fracture Me passou longe de me encantar. O nome Adam ainda deixa um gostinho amargo na minha boca, e no conto que temos sob sua perspectiva nada mais é do que alguns capítulos de Liberta-me. Nada novo, nada muito interessante. Agora, Destroy Me foi outra história. O conto começa após o final de Estilhaça-me pela perspectiva do Warner, integrante do meu top 5 book boyfriends, e muita informação é adicionada mesmo para quem, como eu, já terminou a trilogia. 

Só não sei se recomendaria para ninguém ler na ordem, porque acho que ter tomado meu tempo para aceitar meu amor pelo Warner mesmo ele sendo um babaca me deu um senso de lealdade gigantesco, e enquanto ler Destroy Me entre os livros um e dois provavelmente facilitaria esse processo, de certa forma acho que ele teria tirado esse quezinho de intensidade e aceitação. Sei lá, fica ai no ar.