Cidades de Papel
Titulo Original: Paper Towns
Autor(a): John Green
Editora: Intrinseca
Lançamento Mundial: 2005
Paginas: 368
IBSN: 9788580573749
Gosto de pensar no John Green como o autor da minha vida.
Imediatamente eu me sinto um pouco ridícula. Não é Jane Austen, não são as Brontë, não é o Dickens, o Tolkien, a Clarice, o Drummond ou o Bukowski. É o John Green. Autor de literatura YA. O que eu posso fazer se cada livro que eu leio do cara honestamente adiciona algo em mim? Na minha personalidade, no meu senso critico, na minha visão de blá blá blá. Nós conhecemos o papo todo. A verdade é que cada livro se torna meu predileto, só que no final não sei dizer qual é o que eu gosto mais. Cada um tem o Caio Fernando de Abreu que merece. E eu mereço John Green, obrigada. Muito obrigada. Mesmo. [/fangirl]
Em Cidades de Papel nós conhecemos Quentin Jacobsen, que mora na Jefferson Park, mais um dos vários bairros planejados de Orlando, Flórida. Não que isso importe. Não quando Quentin Jacobsen mora ao lado de Margo Roth Spiegelman*. Quando mais novos, os dois eram como carne e osso, mas depois de um episódio um tanto traumatizante, os dois acabam crescendo cada um para um lado. Quentin se torna o característico personagem masculino do JG, nerdy, sarcástico, cheio de questionamentos. Margo, por outro lado, cresce como a garota rica e popular, que faz o que garotas ricas e populares fazem, apesar de sua personalidade obviamente ir além do que se espera desse tipo de personagem. Os dois mal tinham trocado algumas palavras desde que eram crianças, até que uma em uma noite completamente aleatória, Margo Roth Spiegelman aparece na janela de Q. com um pedido ainda mais aleatório, que consequentemente os levam a melhor noite da vida de Q., apenas para enchê-lo de esperanças. E vocês sabem o que dizem sobre criar esperanças.
Durante a narrativa, o leitor é introduzido é três tipos de Cidades de Papel: A cidade bonita porém superficial que neste caso é representada por Orlando; Os bairros fantasmas, projetos de bairros suburbanos que não foram para frente e terminaram abandonados; E as cidades ficcionais que funcionavam como armadilhas e copyright a tantos anos atrás, exemplificada aqui por Agloe, Nova Iorque. É claro que, sendo John Green o rei das metáforas, a imagem ou as imagens que Q. tem da Margo podem ser vista por cada um desses tipos de Paper Towns A garota bonita e superficial que ela insistia em representar na escola, a garota linda porém cheia de feridas, abandona e desolada, exatamente como os bairros fantasmas. Mas, principalmente, Q. começa a ver Margo como a garota que ele só conhece graças a percepção dos outros sobre a Margo, além do que ele espera que ela seja, mais do que quem ela realmente, realmente é.
Durante a narrativa, o leitor é introduzido é três tipos de Cidades de Papel: A cidade bonita porém superficial que neste caso é representada por Orlando; Os bairros fantasmas, projetos de bairros suburbanos que não foram para frente e terminaram abandonados; E as cidades ficcionais que funcionavam como armadilhas e copyright a tantos anos atrás, exemplificada aqui por Agloe, Nova Iorque. É claro que, sendo John Green o rei das metáforas, a imagem ou as imagens que Q. tem da Margo podem ser vista por cada um desses tipos de Paper Towns A garota bonita e superficial que ela insistia em representar na escola, a garota linda porém cheia de feridas, abandona e desolada, exatamente como os bairros fantasmas. Mas, principalmente, Q. começa a ver Margo como a garota que ele só conhece graças a percepção dos outros sobre a Margo, além do que ele espera que ela seja, mais do que quem ela realmente, realmente é.
"Quer dizer, olhe só para ela [Orlando], Q: (...) Todas aquelas pessoas de papel vivendo suas vidas em casas de papel, queimando o futuro para se manterem aquecidas."
As verossimilhanças com a realidade na ficção do John Green é definitivamente uma das razões d'eu amar tanto os livros do autor. Em Cidades de Papel, os questionamentos e posicionamentos, principalmente do Q., sobre a sua vida como formando do high school e morador de subúrbio é bastante crível. Q. não só aceita sua realidade, como ele gosta do senso de normalidade (o que aliás, o difere do Miles), e apesar de gostar muito da Margo, ele não necessariamente compreende a necessidade da garota de ser mais do que ela é naquele momento. Francamente, em certo ponto fica bem claro que não se sabe muito sobre a Margo de modo geral.
Os personagens são super substanciais e compostos por mais de uma característica ou rótulo, apesar deste ultimo ser um tema recorrente durante toda narrativa. O Quentin não é só o nerd e a Margo não é só a garota popular. Existem layers que possibilitam que o leitor os vejam fora das paginas dos livros também. Não existe aquela polaridade extremista de ou é muito perfeito ou não presta. Cada personagem que integra essa história tem dúvidas e defeitos que eles tentam entender e superar ao longo do romance. Talvez a grande sacada de Cidades de Papel seja exatamente estar pronto para não exatamente conhecer os personagens, mas observar enquanto eles procuram formas de conhecer a si mesmos e uns aos outros, afinal no momento que você começa a entender a si mesmo, você se torna capaz de entender as outras pessoas como indivíduos e além dos rótulos. Que é exatamente a grande cruzada da adolescência. Cidades de Papel não é o livro que você deve ir atrás para ler se você quer aventura, mistério e mais aventura, porque apesar de serem elementos na construção da história, esse não é o ponto central da história.
É preciso ficar bem claro que Cidades de Papel é de forma concisa um conto sobre como nós vivemos de mal interpretações uns dos outros. As referências da temática estão em todos os lugares do livro, nos momentos mais variados. Radar ainda ser chamado de Radar, apesar de Q. dizer que ele não se parece mais com Radar; o Omnictionary, onde as pessoas fazem as atualizações de acordo com as suas próprias percepções de realidade; O jogo do "Aquele cara é um gigolô"; e, principalmente. Lacey. Adoraria explicar, mas o ponto é exatamente que vocês vejam com os próprios olhos e tirem suas próprias conclusões, mas esses são pontos que são colocados de forma sutil e que de forma gradativa levam o leitor a observar e entender o que John quer com esse livro e, caso dito leitor já tenha lido Quem é Você Alasca?, qual o ponto de partida que o autor tem, além da leve conexão que ele faz com seu primeiro trabalho publicado.
Pessoalmente, depois de ler Cidades de Papel eu parei pra prestar mais atenção nas pessoas que estão ao meu redor além do que o nosso local de convívio. Acabo me perguntando o que tem por trás daquilo que eu estou vendo, quantas facetas estão escondidas sob a que aquela pessoa está usando. Além disso, comecei a questionar quão confortável me sinto com a minha realidade e, caso a resposta fosse sim, se eu estava pronta para aceitar ser uma garota de papel, com preocupações de papel, ou se esse conceito também é uma visão exagerada da Margo.
Como professora, eu juro solenemente trabalhar esse livro com as minhas crianças. Amém.
Os personagens são super substanciais e compostos por mais de uma característica ou rótulo, apesar deste ultimo ser um tema recorrente durante toda narrativa. O Quentin não é só o nerd e a Margo não é só a garota popular. Existem layers que possibilitam que o leitor os vejam fora das paginas dos livros também. Não existe aquela polaridade extremista de ou é muito perfeito ou não presta. Cada personagem que integra essa história tem dúvidas e defeitos que eles tentam entender e superar ao longo do romance. Talvez a grande sacada de Cidades de Papel seja exatamente estar pronto para não exatamente conhecer os personagens, mas observar enquanto eles procuram formas de conhecer a si mesmos e uns aos outros, afinal no momento que você começa a entender a si mesmo, você se torna capaz de entender as outras pessoas como indivíduos e além dos rótulos. Que é exatamente a grande cruzada da adolescência. Cidades de Papel não é o livro que você deve ir atrás para ler se você quer aventura, mistério e mais aventura, porque apesar de serem elementos na construção da história, esse não é o ponto central da história.
“What a treacherous thing to believe that a person is more than a person.”
É preciso ficar bem claro que Cidades de Papel é de forma concisa um conto sobre como nós vivemos de mal interpretações uns dos outros. As referências da temática estão em todos os lugares do livro, nos momentos mais variados. Radar ainda ser chamado de Radar, apesar de Q. dizer que ele não se parece mais com Radar; o Omnictionary, onde as pessoas fazem as atualizações de acordo com as suas próprias percepções de realidade; O jogo do "Aquele cara é um gigolô"; e, principalmente. Lacey. Adoraria explicar, mas o ponto é exatamente que vocês vejam com os próprios olhos e tirem suas próprias conclusões, mas esses são pontos que são colocados de forma sutil e que de forma gradativa levam o leitor a observar e entender o que John quer com esse livro e, caso dito leitor já tenha lido Quem é Você Alasca?, qual o ponto de partida que o autor tem, além da leve conexão que ele faz com seu primeiro trabalho publicado.
"É muito dificil ir embora - até você ir embora de fato. E então ir embora se torna simplesmente a coisa mais fácil do mundo."
Pessoalmente, depois de ler Cidades de Papel eu parei pra prestar mais atenção nas pessoas que estão ao meu redor além do que o nosso local de convívio. Acabo me perguntando o que tem por trás daquilo que eu estou vendo, quantas facetas estão escondidas sob a que aquela pessoa está usando. Além disso, comecei a questionar quão confortável me sinto com a minha realidade e, caso a resposta fosse sim, se eu estava pronta para aceitar ser uma garota de papel, com preocupações de papel, ou se esse conceito também é uma visão exagerada da Margo.
Como professora, eu juro solenemente trabalhar esse livro com as minhas crianças. Amém.
* para mais infos sobre isso, a Katy fez um post no forum do nerdfighters que vocês podem acessar clicando aqui. Lembrando que Green é conhecido por afirmar e reafirmar que nada é por acado nos seus livros.
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