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28 outubro, 2017

Ladrões de Sonhos, de Maggie Stiefvater.

A Saga dos Corvos #2: Ladrões de Sonhos

Autor(a): Maggie Stiefvater
Editora: Verus
Titulo Original: The Dream Thieves
Ano: 2013
Páginas: 431
IBSN-13: 9788576863212
Livros da Série: #1
no goodreads e no skoob

Naquele momento, Blue estava um pouco apaixonada por todos eles. Pela magia deles. Pela busca deles. Pela voracidade e pela estranheza deles. Seus garotos corvos.

 Depois dos eventos finais caóticos de Garotos Corvos, em Ladrões de Sonhos voltamos a Henrietta para as férias de verão. Se no primeiro livro o foco era em grande parte direcionado a família médium de Blue e a busca por Glandoware de Gansey, no segundo volume da série fantástica (tanto em gênero, quanto em qualidade) a luz se volta para Ronan e Adam, os papéis que eles virão a atuar daqui para frente nesse distorcido quinteto de amigos. 

Adam está tendo que aprender a lidar e compreender as consequências de seu sacrifício para acordar as linhas ley: ser os olhos e mãos de Cabeswater. Ao mesmo tempo em que Ronan é forçado a entender seu curioso poder de tirar objetos e criaturas de dentro de seus sonhos, uma vez que sua vida parece depender desse conhecimento. Como se não bastasse isso, as linhas ley começaram a se mostrar instáveis (tão forte algumas vezes que causava queda de energia elétrica, mas tão fraca em outras que o pobre Noah as vezes fica impossibilitado de aparecer para seus amigos). E com o acréscimo do Homem Cinzento ao nosso grupo de personagens, vem também uma ameaça iminente à um dos Garotos Corvos.

Preciso confessar que foi um livro bem confuso de ler. Tanto que, após dois capítulos, decidi que ia reler o primeiro livro do quarteto para ver se me situava, e acabou que não ajudou em nada. Cheguei a teoria que Ladrões de Sonhos é confuso por natureza e a confirmei quando bati a marca dos 60% lido, que foi quando tudo começa a meio que se encaixar. 

Me enervou um pouco como um livro parecia desconecto do outro, como a busca por Glandowere parecia esquecida e de canto. A mitologia e caça ao Rei Galês é uma das coisas que mais gostei no volume anterior e eu me senti privada disso. Não quero dar spoilers, mas se você acontece de estar tentando entender Ladrões de Sonhos nesse exato momento, acho válido te dizer que tudo vai fazer sentido ao final, e seu crebro ter sido bombardeado vai valer a pena.


O que mais me deixou contente com essa leitura foi a presença mais constante das residentes da Rua Fox, 300. A mitologia de Stifvater é muito eficiente e acreditável, eu diria, e são Maura, Calla e Persephone que fazem a parte mágica do livro tão atingível. O fato do tempo ser dobrável e delas o descreverem como um círculo e não como uma linha reta é fudidamente intrigante. Não apenas isso, mas a naturalidade com que as coisas acontecem é de fazer cair o queixo. Já disso isso antes e repito: a atmosfera que Maggie cria é com certeza uma das coisas que fazem seus livros terem tanto destaque e serem tão diferentes de qualquer outra coisa deste mundo. A sensação de que tudo que está acontecendo é um grande sonho é bizarra no sentido mais delicioso da palavra. 

Mas se formos apontar o que mais me deixou puta, Adam recebe o troféuzinho com honras. Meu Deus, como foi difícil minha relação com o coca-cola shirt. Por mais que eu entendesse a situação dele, que me partisse o coração e que muito que estava acontecendo estava além do controle dele, o orgulho por vezes o tornava obtuso! Ronan, com toda sua irresponsabilidade e insensibilidade não me incomodou tanto quanto Adam.

Não que ter acompanhado Ronan tenha sido a coisa mais fácil do mundo. Apesar de estar sempre inclinada a gostar dos caras mais sofridos das histórias, Ronan é um personagem complicado. Maggie se mostra mais uma vez muito boa em seu trabalho, porque da mesma forma que o cara não deixa todos os outros personagens chegarem muito perto, os leitores também são mantidos a distância, tornando impossível conhecê-lo por inteiro - porque sim, fui ler várias resenhas para ver se eu não era a única que não estava conseguindo me aproximar dele. Aprendemos muito sobre seu passado e alguns de seus maiores segredos, e tem uma cena em particular que me marcou muito, onde parece que o peso do mundo saiu dos ombros de Ronan. Mas veja, tudo isso é mostrado e visto por de trás de um vidro que aos poucos ia desembaçando. 

Essa é a beleza da narrativa em terceira pessoa. Enquanto nós acompanhamos todos eles, não somos eles e não sabemos exatamente o que se passa dentro da cabeça deles o tempo inteiro.

Então saiba, esse é um livro complexo, com camadas e mais camadas e mais camadas. A narrativa não é a mais fácil da vida (apesar de ser maravilhosa) e os personagens estão o mais distante possível de serem convencionais. Infelizmente, isso tornou a leitura lenta e precisei dar uma pausa nele para ler algo mais "leve" porque temi cair em uma ressaca literária. O ritmo melhora muito lá pelo capítulo 30, onde os acontecimentos começam a... bem, acontecer paralelos uns aos outros e vira uma lou-cu-ra. E o final? Nem nas minhas teorias mais malucas (e tenho tantas teorias que chega a ser ridículo).  

No final das contas gostei muito, mas não tanto quanto Garotos Corvos, principalmente por ter demorado muito para me situar e adaptar e me perder na história. Seria louco não reconhecer a beleza e força da escrita, da mitologia, dos personagens e do universo intrínseco criado, e nunca no mundo eu largaria essa série de mão. Ainda assim esperava que as coisas se movessem um pouco mais rapidamente. É aquilo né, nem tudo que é bom é fácil.




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