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30 setembro, 2017

A Great and Terrible Beauty, da Libba Bray.

Gemma Doyle #1: A Great and Terrible Beauty

Autor: Libba Bray
Editora: Simon and Schuster
Título no Brasil: Belezas Perigosas
Ano: 2003
Páginas: 403
IBSN: 0689875347
Inglês nível: A2
no goodreads e no skoob.


“I wonder how many times each day she dies a little.”

Gemma Doyle é uma garota de quinze anos, nascida na Inglaterra, porém criada boa parte da sua vida na Índia. Tudo muda algumas semanas antes de seu aniversário de dezesseis anos quando Gemma se torna testemunha da morte de sua mãe, que acontece sob circunstancias estranhas e confusas. Com a perda, seu pai cai em profunda depressão e decide que, o melhor a fazer por sua filha é mandá-la de volta à Inglaterra para estudar no mesmo colégio interno que a própria mãe de Gemma frequentou quanto tinha mais ou menos sua idade, o Spence Academy. Na escola, ela conhece e faz amizade com Ann, Felicity e Pippa, e é mais ou menos onde as coisas começam a acontecer.

E quando digo que elas "começam a acontecer" é, majoritariamente, de forma figurativa.
Nesse jovem adulto histórico paranormal, a falta de desenvolvimento é sem dúvidas o que mais me frustrou. Para que eu compre a história e me envolva no que é contado em um livro, ele precisa ter um plot forte ou um grupo de personagens fascinantes, e infelizmente, em A Great and Terrible Beauty, não encontrei nenhum dos dois. É um livro sustentado pela narrativa deliciosa de Libba Bray e o prospecto de talvez vir a conhecer e entender o que é esse mundo que somos inseridos ou qual é o sistema mágico que Gemma vive por, que honestamente soa muito interessante. A questão é: Me lembro de ter chegado a marca dos 80% lido e nada ter realmente acontecido. Ainda estava no escuro sobre o mundo, a magia, e, principalmente, sobre os personagens. É um livro de 400 páginas em que as coisas só começam a se mover de verdade nos últimos capítulos, antes disso era muito do famoso "mais do mesmo".

É muito difícil dizer gosto de algum, qualquer um, dos personagens, principalmente porque não sinto que os conheci. E porque não os conheci, não confio neles, incluindo Gemma. 


“I've heard it said that God is in the details. It's the same with the truth. Leave out the details, the crucial heart, and you can damn someone with the bare bones of it.” 

Ao continuar a leitura não tinha certeza ao que estava me apegando para não o abandonar. Na maioria do tempo não era como se fosse um livro ruim, mas é que também não se sobressaiu em nada. Ele é meio baço, a história não tem nada de mais, personagens não tem nada de mais. É uma trilogia então é sim suposto que essas coisas se tornem mais densas no decorrer dos livros, mas não adianta nada ter uma história sólida nos livros seguintes se o primeiro livro não te dá a motivação para seguir em frente, entende?

Esse era meu único problema com esse livro, e apesar de ser um problema grave que me manteve sempre com o um pé atrás, ainda o manteve ali entre os muitos livros 'ok' que já li na minha vida. Foi quando eu bati os 90% que o livro passou de 'ok' para 'insuportável'. Fiquei tão chateada por tantas razões que, na hora de gravar meu audiozinho comentando sobre eu até me perdi.

Se não gostava dos personagens antes, quando cheguei ao final odiava todos. Não tinha um que se salvava. Libba conseguiu a proeza de não apenas não nos introduzir direito às suas personagens, mas também mostrar ao leitor apenas o lado desprezível dessas pessoas. Não há uma justificativa ou qualidade nesses personagens que de alguma forma os redimissem por serem, de forma simples, completos idiotas (aos meus olhos, claro). Não é só que não simpatizei com eles, não. Quando as merdas acontecem ao final do livro o que se passava na minha cabeça era "Ah, bem, você meio que mereceu".  Tudo que eu enxergava eram essas garotinhas imaturas e superficiais, e o pior é que Bray nem tentou mostrar um outro ponto de vista para que uma fagulha de empatia se ascendesse dentro de mim. Nada. Nada para que nos tornássemos inclinados a dar ao segundo livro da série uma chance. 


“I want to ask him if it’s possible that a girl can be born unlovable, or does she just become that way?” 

Gemma Doyle é tão influenciável que chega a ser alarmante. Há momentos em que ela só faz as coisas porque outras pessoas esperam ou querem que ela se mova, mesmo que seja contra seus instintos ou sua índole. Mesmo quando suas ações vêm de pensamentos próprios, tais ações são sempre para se provar para outras pessoas que pensam mal dela ou para o benefício de segundos e terceiros. Mesmo que o desfecho tenha sido proporcional, me preocupa muito a mensagem que isso passa para as garotas de 12-15 anos para quem os livros são direcionados.

Aí temos a questão da amizade. 

Relações toxicas é o meu maior turn-off em livros, e foi em A Great and Terrible Beauty que notei como odeio isso ainda mais quando é em um grupo de amigos. Esse livro é basicamente sobre quatro garotas que não necessariamente gostam umas das outras, mas que "aceitam" a amizade pois está em seus melhores interesses, seja pelos fatores de poder, dinheiro, status, beleza. Temos quatro adolescentes de personalidades fortes que se anulam quando Libba faz um trabalho pobre ao nos apresentar e desenvolver essas personagens. 


Temos três garotas que só aceitam Gemma em seu grupinho por ela ser capaz de usar magia, e aí temos Gemma, sendo a cabeça oca que é, aceitando a caridade estendida a ela que é ser "amiga" dessas garotas que, se pararmos para pensar, são todas amigas por caridade. Felicity é uma megera, mas as outras a aceitam, pois, seu nome tem poder; temos Pippa que é aceitada pois ela está sendo forçada a se casar com um cara que tem o triplo de sua idade; Ann é uma órfã pobre e está na escola tentando virar uma Lady; Por mais que suas histórias tenham tons tristes, não dá a elas munição para serem as interesseiras egoístas fodidas que são! Ann é por quem estava mais propensa a gostar, mas bem ao final ela pisa na bola e eu passo a desprezá-la tanto quanto desprezo as outras.


“I fear I will always have to chase the things I want. I'll always have to wonder whether I'm truly wanted or whether I've just been settled for.” 

Quanto ao desenvolvimento do enredo, novamente, nada é realmente esclarecido. Descobrimos algo importante, mas a impressão que passa é que só está ali para chocar. Provavelmente algo que seria trabalhado nos próximos livros, mas, Deus que me perdoe, nunca que me vejo lendo as continuações. 

Talvez se tivesse lido A Great and Terrible Beauty lá trás quando tinha meus 14/15 anos eu tivesse o visto de outra forma, e juro que tentei lê-lo como leria qualquer coisa quando se tem essa idade: como uma história fictícia e apenas para passar o tempo. Porém, sendo a garota de 20 anos que era quando o li não tinha como não me preocupar com a mensagem que as YA talvez viessem a receber com essa leitura sobre más ações e reações. Era velha o suficiente para saber que algumas coisas você simplesmente não diz aos mais jovens mesmo quando em um universo fictício e em um trabalho literário, pois talvez as fizesse se sentir inseguras e superconscientes, além de dizer que certas ideias e atitudes são ok, quando não são.

Ninguém gosta de ser usado e usar alguém para seus interesses é de baixíssima moral, mantenha isso em mente se algum dia decidir dar a esse livro uma chance.


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