Menu

08 setembro, 2017

Fangirl, da Rainbow Rowell

Fangirl

Autor(a): Rainbow Rowell
Editora: Novo Século
Ano: 2013
Paginas: 424
IBSN-13: 978-8542803686
Titulo original: Fangirl
Inglês nível: A3

“Reading is not lonely.” 

Cath não é sua típica mocinha. Quando finalmente ingressa na universidade, ela não está pronta para abrir as asas e voar, fazer novos amigos e descobrir um novo lado da vida que ela nunca pode explorar quando morava na casa de seu pai solteiro. Tudo que Cath quer é escrever sua fanfic baseada na famosa série Simon Snow, conversar com outros integrantes do fandom e reler os livros quando lhe der na telha. Ela nunca precisou muito, mesmo, quando sempre teve sua irmã Wren para lhe mostrar o caminho. O problema é que agora Wren quer explorar o mundo real sozinha e Cath não faz a mínima ideia do que fazer nesse novo ambiente que a tira tanto de sua zona de conforto.

Ah, não. Cath não é sua típica mocinha, mas isso é exatamente o que a torna tão especial.

Não importa quantas vezes eu repita, não vai ser o suficiente para englobar o quanto amo Fangirl. Desde os personagens até o plot, não consigo pensar em nada que eu tenha tido um problema mal resolvido ao final do livro.

A escrita de Rowell é tão diferente, tem um toque gentil quando conta a história. Sensível e precisa em sua forma de descrever esse período de transição e transformação não apenas para Cath, mas para Levi, Ragan e Wren. Ela tomou o cuidado de mostrar mais de uma versão da vida na faculdade, sabe? Não teve como não me apaixonar com como por vezes a leitura era doce, por vezes amarga. As vezes era de partir o coração e em alguns momentos era tudo isso ao mesmo tempo! Tem uma narrativa tão sutil, onde tudo lentamente cresce sem que você veja diretamente: quando se dá por si, você simplesmente se tornou um balão de emoções.

É um daqueles livro em que as emoções não são descritas e ainda assim você as sente de forma muito intensa. Quando a primeira cena romantiquinha acontece você sente a química entre os dois, ainda que não possa apontar com certeza onde foi que começou. De repente você nota quão conectados e familiares eles são um com o outro, o tanto de detalhes e peculiaridades eles conseguem apontar sobre o outro. A coisa toda representa tão lindamente o processo de se apaixonar. Claro que tem as coisas clichês: Cath ama o cabelo do Levi e é obcecada por sua altura e personalidade afável; Mas tem também as coisas pequenas: ele chutando a cadeira dela para chamar sua atenção sendo minha preferida. Você vê quão assustada, confusa e culpada ela se sente quando Levi estende sua bondade a ela, trazendo cafés e passando tempo juntos e fazendo coisas que normalmente ele só fazia para Ragan. Como eu disse, Cath passou a vida inteira nadando contra tudo que pudesse ser desconfortável, que arrisca estourar a bolha que ela vive desde pequena.

Acho que esse é outro ponto, também. Desde pequena ela corria para o que considerava confiável e seguro sem olhar para trás, e a situação que se encontra agora é tudo, menos confiável e seguro, considerando que ela nunca esteve naquele lugar, com aquelas pessoas desconhecidas e sem Wren para se apoiar.

Seu pai precisa de cuidados constates e ele sente tão responsável por ele. Dá complexidade a personagem, sabe? É muito fácil ficar frustrada com Cath e seu comportamento, mas se pararmos para pensar, ela foi criada por um cara que não estava pronto ou apto a cuidar de duas garotas sozinho. Como/quanto isso impacta a cabeça de uma criança? Dá pra ver que ela teve que se virar sozinha tantas vezes que, agora, ela meio que espera que a responsabilidade seja sempre colocada sobre seus ombros.

Foi sim de enlouquecer quando Cath tentava forçar as pessoas a viverem como ela vivia, como se as coisas que ela almejava fossem superior ao que os outros queria. Era bem estranho, na real, porque a garota é abertíssima no que se refere a diversidade (fala sério, ela escreve um fanfic gay super bem sucedida!!), mas quando se trata sobre sua vida pessoa, ela é completamente quadrada. O negócio é que, enquanto me frustrava muito vê-la bater sempre na mesma tecla, o tempo todo sentia que esse era o momento perfeito para teimosia dela. A garota tá fora de sua zona de conforto, longe, longe de tudo que ela compreendia. Mesmo o fato do livro ser contado em terceira pessoa foi inteligente, uma vez que dá ao leitor ainda mais a ideia de que as verdade de Cath são, no final das contas, apenas isso, e somos mais do que bem-vindos a discordar. Mesmo o fato do livro ser contado em terceira pessoa foi inteligente, uma vez que dá ao leitor ainda mais a ideia de que as verdade de Cath são, no final das contas, apenas isso, e somos mais do que bem-vindos a discordar.

“No," Cath said, "Seriously. Look at you. You’ve got your shit together, you’re not scared of anything. I’m scared of everything. And I’m crazy. Like maybe you think I’m a little crazy, but I only ever let people see the tip of my crazy iceberg. Underneath this veneer of slightly crazy and socially inept, I’m a complete disaster.” 

Cath foi exasperante muitas vezes, mas ao mesmo tempo me foi difícil não me orgulhar. Elas é muito verdadeira consigo mesma! Claro, esse era o problema as vezes, como era difícil para ela mudar e aceitar mudanças. No geral, entretanto, foi um suspiro de novos ares vê-la aceitar sua essência e não aceitar ser pisoteada por ser quem ela é. Cath não cede em frente à pressão e isso é muito precioso. Em algum momento me dei conta que Cath é uma personagem muito relacionável. Está tentando encontrar, em meio a escuridão, alguém em que ela pode se apoiar (para variar um pouco (exatamente como todos nós seres humanos.

Todos os personagens são completos e ímpar de suas próprias maneiras. Todos tem falhas, são humanos e fáceis de compreender, ainda que complexos. Sejam os do mundo real ou os da fanfic, cada um deles é palpável. 

O troféu de amorzinho vai para Levi, claro! Oh, Levi. O carinha é uma impressionante representação de um Cara Bacana. Ele não é um anjo, só que também não é perfeito. Ele fuma, bebe, vai a festas em fraternidades. Ainda assim, Levi é um cara bacana. Quando pisa na bora, ele sabe se esclarecer e se importa tanto com Cath e é tão aberto com relação aos seus sentimentos pela garota. Gosto muito, muito dele. Mais que isso, gosto dos dois juntos. Eles não se morfam e formam uma unidade, mas se transformaram sim em um belo time.

Ragan é outra, também! Ela é real da forma mais irreal possível. Acho que no final das contas ela representa o que toda garota quer ser por dentro. Equilibrada. O engraçado é que apesar de Ragan e eu sermos diferentes nível de planetas opostos, ela foi com quem mais me conectei. Ela sempre tinha a coisa certa para ser dita e foi uma amiga maravilhosa para/com Levi e Cath!

Reagan was sitting up at Cath's desk when Cath woke up.  
"Are you awake?"
"Have you been watching me sleep?"
"Yes, Bella. Are you awake?"
"No.”

Para alguém que já leu mais YA/NA Contemporâneos do que qualquer outro gênero, nunca antes li uma história onde o ingresso na faculdade havia sido tão difícil para a personagem principal, ou como sua dificuldade em se adaptar afetaria a vida daqueles que a cercam. Aqueceu meu coraçãozinho que Rainbow tenha dado voz a garotas como Cath, que não sentem a necessidade de ser party animals

Ao final do livro me sentia muito orgulhosa do crescimento dos personagens, tanto que as vezes é fácil esquecer quão estressante seus caminhos para maturidade foi. No começo, Cath é bem imatura, as vezes queria chacoalhá-la para ver se acordava o bom senso que esperava que existisse dentro dela. Ainda assim, talvez por ela ter aquela vibe "Sou o que sou e ninguém vai me mudar¹" ou o fato de que ela estava perdidinha da Silva, alguma coisa fez com que me conectasse com ela. Torci e me importei com ela. 

É um livro sobre autodescobrimento e auto aceitação e algo pelo que todos os personagens (exceto Courtney) passam, cedo ou tarde. Acho que é por esse jornada que observamos que faz com os leitores se conectem com Fangirl em um nível tão emocional. É daqueles que você recomenda para todo mundo por ser tão fácil enxergar a si mesmo ou alguém que você conhece nos personagens. Você sente os sentimentos e tudo transcende das páginas e faz com que você se sinta vulnerável. 


A história acaba onde tem que acabar, entretanto certamente não reclamaria se ela anunciasse um segundo livro...

Nenhum comentário:

Postar um comentário