Menu

09 janeiro, 2016

Rapidinha: Vida e Morte, da Stephanie Meyer

No último dia seis de outubro acordamos com a notícia de que nossa querida e amada Stephenie Meyer tinha dado uma de Beyoncé e lançado um livro chamado Life and Death em comemoração ao aniversário de dez anos do lançamento de Crepuscúlo e início (goste ou não) de uma da maiores e mais influenciadoras sagas literárias dos últimos anos. Oi? A Twiharzada ficou ensandecida achando que finalmente, finalmente Steph tinha se apiedado dos nossos pobres corações, cedido aos nossos olhos pidões, e terminado o que ela começou em Midnight Sun. Infelizmente, o buraco é mais embaixo.


Em Vida e Morte: Crepúsculo Reimaginado, conhecemos Beaufort Swan, um garoto de 17 anos que, altruistamente, decide se mudar da calorosa Phoenix, onde morava com sua mãe, para a chuvosa Forks, onde morará com seu pai. Você conhece a história. No primeiro dia de aula, Beau se depara com os Cullen, tendo sua atenção presa à Edythe, a linda garota de cabelos acobreados e atitude hostil. O cara já está para lá de fascinado (me recuso a dizer apaixonado! não me lembrava de Twilight tendo esse nível quase cômico de instalove) quando descobre que Edythe é uma vampira.
Editora Intrínseca, 2015 - 391 páginas. IBSN: 8580578558

Infelizmente, só fui descobrir qual era o grande segredo para ler esse livro quando já estava na metade: você tem que aceitá-lo pelo que ele é: Um conteúdo bônus escrito depressa. Por mais que ele levante (e levantou) tópicos a serem discutidos, como generalizações, sexismo e expectativas comportamentais baseadas em gênero/sexo, não foi para isso que ele foi escrito. Vida e Morte é um docinho para os fãs e só. 

Se não me engano, a última vez que se quer peguei qualquer um dos livros da Saga Crepúsculo na mão para qualquer outra coisa que não fosse reorganizá-los na minha estante, foi em 2011. É claro que, entre 2011 e hoje, muita coisa mudou. Meu gosto literário, o que me leva a ficar irritada ou frustrada com os personagens, o que eu considero bom, o que considero ruim, o que considero meh. Eu cresci, é o que quero dizer, e deixei de acreditar/sonhar/esperar muita coisa desde que li Crepúsculo pela primeira vez nos altos dos meus catorze anos (como deveria!).

Hoje, o famoso instalove, o relacionamento codependente, as personalidades rasas e o comportamento geral dos personagens da Stephenie me incomodam. Sei que essas são características de Bella e Edward também, mas não consigo culpá-los pela decepção que foi ler uma história que sou tão apegada ou me sentir emocionalmente aquém dessas pessoas e de suas vidinhas medíocres. Mas com o pobre do Beau não pude fazer nada além de consagrá-lo oficialmente como o personagem mais sem personalidade que já vim a ler até hoje.

A boa notícia é que, desesperada, tentando achar algo para gostar no livro, me dei conta de como Stephenie seria menos subjugada como autora se dedicasse suas histórias ao desenvolvimento do plot, invés de ir pelo caminho do apelo emocional. Um minutinho para vocês lembrarem da mitologia geral de Crepúsculo (não se esqueçam dos Volturi) e, para aqueles que leram, de A Hospedeira.

Ninguém pode negar que Steph é uma contadora de histórias nata. Suas narrativas são sempre bem estruturadas, sua escrita é precisa, e a ordem dos eventos é inteligente. A ideia de desconstruir seus renomados personagens e reconstruí-los em corpos opostos abre (e abriu) portas para uma toneladas de discussões sobre o que é esperado de cada gênero. Mas mais do que isso, a forma como cada cena de ação se torna mais intensa, mais intensa, mais intensa, até que temos a grande cena climax... É tão natural ficar desesperado, sem saber o que vai acontecer (mesmo que saibamos exatamente o que vai acontecer). Dá para ver que ela dedicou tempo rascunhando e organizando suas ideias para que tudo se encaixasse de forma muito natural. E isso é muito mais tempo do que muito autor contemporâneo dedica em suas histórias.

Como uma porrada de gente por aí, a Saga Crepúsculo foi de suma importância na minha vida como leitora. Mais uma vez, goste ou não, abriu as portas de um universo que até então parecia secreto, misterioso: O Mundo Encantado dos Livros para Jovens-Adultos. Paranormais, contemporâneos, fantasias épicas, não importa. Foi na busca do próximo Crepúsculo que séries como Academia de Vampiros, Hush Hush, Fallen e Diários do Vampiro (que ganhou série para TV e tudo) vieram à atenção, mesmo quando alguns deles já tinham sido publicados anos antes. Algo que não acontece desde, vejam só vocês, Harry Potter. Não é à toa que somos tão orgulhosos de uma série que, convenhamos, passa longe de ser da melhor qualidade. Esses são fatos que ninguém pode mudar, bem como o carinho gostoso que toda uma legião de então adolescentes tem pela saga.

A sensação nostalgica ao olhar ou escutar sobre esses livros sempre vai existir, mas de certa forma, Vida e Morte encerrou um ciclo da minha vida como leitora que nem sabia que ainda estava em movimento.

Obrigada Stephenie. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário