Autor(a): Sarah J. Maas
Editora: Bloomsbury USA
Ano: 2015
Paginas: 421
IBSN-13: 9781619634442
No Brasil: Corte de Espinhos e Rosas (Galera Record)
Livros da Série: #2 e #3.
No Brasil: Corte de Espinhos e Rosas (Galera Record)
Livros da Série: #2 e #3.
“I threw myself into that fire, threw myself into it, into him, and let myself burn.”
Desde
que sua família sua família se fragmentou em mil porções após a morte de
sua mãe e a perda de todos os bens financeiros graças a negócios errados
de seu pai, Feyre Archeron vem cuidando de suas irmãs mais velhas Nesta e Elain
da melhor forma que pode: a garota passa horas embrenhada na floresta caçando o
que se tornaria seus alimentos mais tarde, ou sua moeda de troca para
suprimentos vitais de sua pequena casa no extremo norte. Tão ao norte, que
sua vila fica a apenas alguns quilômetros da muralha que corta Prythian e
separa as terras mortais das terras Feéricas. Em uma de suas buscas por comida
no meio da floresta, Feyre se depara com o maior lobo que ela já viu na sua
vida e, a julgar pela inteligência extraordinária que vê nos olhos do animal, a
garota assume que aquele lobo na realidade é um feérico. Seu modo de
sobrevivência entra em ação e, antes que a criatura lhe ataque, Feyre a acerta
com uma flecha de freixo, única arma que sabe ser eficiente contra os
faes.
O que Feyre não sabia é que o preço pela de vida de um fae é outra
vida. Não leva muito para que uma besta invada sua pequena cabana e lhe
explique as regras. Segundo o Tratado de Paz entre feéricos e humanos, era da
escolha dela morrer ou ir viver com dita besta pelo resto de sua vida. Assim,
Feyre se vê levada para o outro lado da muralha pela besta que agora atende
pelo nome de Tamlin. O que ela prevê é uma vida de escravidão e ainda mais
miséria, mas não é exatamente isso que encontra quando chega a Corte
Primaveril, seu novo lar.
Uma das minhas coisas prediletas nos livros da Sarah J. Maas é que
a autora geralmente é muito boa em manipular os sentimentos dos leitores. Agora
que já li a trilogia inteira compreendi que ACOTAR ser claramente mais
fraco que seus sucessores não foi um erro, foi uma estratégia. Se formos
honestos, a história entre capa e contracapas aqui é boa, sim, só não é nada
espetacular. O talento de Sarah com as palavras, com construção de mundos e
sistemas mágicos, no entanto, é o suficiente para te impulsionar a ler os
livros seguintes de suas séries. Assim como Throne of Glass, A Court of
Thornes and Roses passa longe de ser meu livro favorito da vida, mas ele é uma
belíssima porta de entrada à um universo complexo, cheio de curvas e
personagens envolventes e tridimensionais.
Feyre tem
apenas 19 anos e o mais incrível sobre ela é que sua juventude transparece em
meio à maturidade prematura adquirida após os anos difíceis que teve que
enfrentar. Foi muito diferente vê-la lutar para se colocar na frente dos
outros, já que sua natureza sempre foi ser altruísta. Ainda assim, ela nunca
abandonou uma batalha (física ou emocional) se significasse o bem-estar de
alguém que ela amasse. Seu desenvolvimento foi brutal, foi uma bateria de
construção e desconstrução intensa que, ao final, resultou em algo que
tive muito prazer em acompanhar.
Uma das minhas coisas prediletas sobre a garota é quão obstinada
ela é; ela tem um momentum muito maravilhoso para respostas e é gloriosamente
petulante mesmo quando alguém faz algo que supõe ser um favor a Feyre.
"Do you lie awake at night to come up with all your witty replies for the following day?”
Em
seu processo de descobrimento, Feyre tem como companhia Lucien e Tamlin, dois
personagens que me dividiram muito entre amor e consternação. Não gosto muito
de triângulos amorosos, mas quando esses são bem feitos acho sim que eles
deixam a história mais rica e envolvente. Por um bom tempo eu torci para que
Feyre se envolvesse com Lucien. Para ser sincera, meu desejo era muito mais
egoísta do que lógico. Amei Lucien desde a primeira cena que ele apareceu. O
cara tem o meu tipo de senso de humor, sabe? Sem falar que minha Feyre era a
que interagia e tinha diálogos irônicos e impertinentes com Lucien.
Do outro lado da moeda, por mais que gostasse da intensidade de
Tamlin, de sua lealdade a Feyre e da química entre os dois, o Grão-Senhor da
Corte Primaveril, o que me conquistou foi o quão inábil e embaraçoso ele se
mostrava em algumas cenas com Feyre. Ele é todo grande e se transforma em uma
besta gigante e tem sexapil pairando sobre sua cabeça, e ai quando abre a boca,
sai umas fofices. Adorável. Não sempre né, mas adorável!
“I found him carefully studying me, his lips in a thin line. “Has anyone ever taken care of you?” he asked quietly.
Entra
então Rhysand e amigos. A-mi-gos. Vou derreter melhor essa manteiga quando
chegar a hora de falar sobre Corte de Névoa e Fúria, mas Rhysand... Humf. Às
vezes eu pago minha língua e me apaixono pelos babacas sabe.
Uma última coisa sobre os personagens: Gosto muito de como Maas
parece ter uma biografia para todos os personagens que ela introduz na série.
Não só isso, é muito aparente como a criação e história por trás dessas pessoas
é aparente na forma que elas se portam. Mesmo os personagens que não vou citar
aqui por questão de spoilers (e por achar que todos que não leram ainda merecem
uma chance de descobrirem sozinhos) tem profundidade. Todos eles têm uma função
na história e isso é muito valioso.
Ao que se refere ao enredo, não preciso nem falar né? Essa mulher
não existe. Comecei essa leitura com muito receio de que o mundo de ACOTAR
fosse ser similar com o mundo de Throne of Glass. Eu não poderia estar mais
engana. O feeling é tão diferente que os dois universos parecem que existiram
em tempos diferentes. Além disso, o sistema mágico é completamente
distinto. Em ACOTAR Prythian é dividida em sete cortes e, em cada uma delas, os
feéricos tem um tipo especifico e poder (transfiguração, telepatia, habilidades
com gelo, fogo, agua, etc.), sendo que cada um tem um Grão-Senhor responsável
pela porra toda. A construção política é tão complexa que levou três livros
para ser explicada completamente. Lindo, lindo, lindo.
Mas não perfeito.
Sou muito chata quando se trata do ritmo de leitura de um livro. É
o seguinte: não me importo nenhum pouco de ler livros que tenham uma pegada
mais lenta, o que me incomoda imensamente é quando um livro tem um ritmo X, mas
chega em algumas partes ele parece se arrastar. Eu gosto de consistência e
não acho que seja pedir muito. Pois bem, A Court of Thornes and Roses em sua
maioria tem um ritmo delicioso. Só dava Gabriela engolindo página após página
até que BAM, deu um ponto ali pelos 60% (sempre os 60%...) que as coisas ficaram
devagar quase parando, em que parecia que nem o romance estava se
desenvolvendo. No final das contas foi meio que "a calma antes da
tempestade" porque meu Jesus, o final foi tenso! (no bom sentido)
“It’s a rare day indeed when someone thanks you for bringing them to their death.
Hora do apanhadão: ACOTAR é um
belíssimo primeiro livro de uma série muito promissora. Para quem nunca leu
nada da Sarah J. Maas é provável que a experiencia seja mais mágica do que
a que eu tive, e olha que meus problemas com o bonito foram mínimos. Agora comparado
aos outros livros da autora, eu sabia que ela tinha mais potencial do que
aquilo que nos apresentou nesse primeiro livro. Potencial, aliás, que brilhou
em Corte de Névoa e Fúria. O segundo livro da série é sensacional! Mas dele,
falaremos em outra hora.
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