Loking for Alaska
Titulo no Brasil: Quem é você, Alasca?
Autor(a): John Green
Editora: Speak
Ano: 2005
Paginas: 256
IBSN: 0142402516
Inglês nível: I2
no goodreads e no skoob
(contém spoilers diretos sobre o que acontece no livro. Não prossiga se ainda não leu "Quem é Você Alaska?" !!!)
Inglês nível: I2
no goodreads e no skoob
(contém spoilers diretos sobre o que acontece no livro. Não prossiga se ainda não leu "Quem é Você Alaska?" !!!)
Primeiramente
precisa ficar claro que começar um livro totalmente out of the blue não
é muito minha praia. Eu gosto de ler pelo menos a sinopse, saber o que alguém
que tem o mesmo gosto que o meu pensou sobre esse determinado livro que eu
estou pensando em ler. Não é à toa que, como a maioria de nós, depois que eu
conheci o skoob, o goodreads, os blogs e o booktube, é deles que saem a maior
parte das indicações de livros que eu acabei por ler nos últimos, sei lá,
dois anos.
Com
Looking for Alaska não foi diferente. É claro que depois de ler ACEDE e me
apaixonar pelas características do que nos traz John Green em seu
romance mais badalado, até que demorou para que eu fosse em frente e lesse algo
mais antigo do autor. Acho que estava esperando pelo "momento certo".
Agora eu já aprendi que toda hora é hora certa para ser ler John Green,
obrigada, de nada.
Em Looking for Alaska nós somos introduzidos a Miles Halter, um garoto que, buscando uma saída da sua vidinha pacata no suburbio da Flórida, decide por conta própria se mudar para estudar e viver em Culver Creek para procurar o que o poeta François Rabelais chamou de "O Grande Talvez". E ele o encontra. Seu Grande Talvez vem em forma de garota e atende pelo nome Alaska Young. Com Alaska e seu grupo de amigos, Miles começa a entender que a teoria de outro autor, Gabriel Garcia Marquez, tem um fundinho de verdade.
Em Looking for Alaska nós somos introduzidos a Miles Halter, um garoto que, buscando uma saída da sua vidinha pacata no suburbio da Flórida, decide por conta própria se mudar para estudar e viver em Culver Creek para procurar o que o poeta François Rabelais chamou de "O Grande Talvez". E ele o encontra. Seu Grande Talvez vem em forma de garota e atende pelo nome Alaska Young. Com Alaska e seu grupo de amigos, Miles começa a entender que a teoria de outro autor, Gabriel Garcia Marquez, tem um fundinho de verdade.
A tensão e
antecipação criada pela divisão do livro entre um antes e
um depois, e a contagem regressiva que são os capítulos foi
bastante palpável. Algo muito grande precisa acontecer para que alguém
passe a ver sua vida em dois grandes momentos. E a gente sabe qual é o maior
divisor de águas da história. Então ao mesmo tempo que eu não queria largar o
livro nem para comer (!!!!), as chances e teorias do que aconteceria a seguir
me sufocavam.
“It's not life or death, the labyrinth. Suffering. Doing wrong and having wrong things happen to you. That's the problem. Bolivar was talking about the pain, not about the living or dying. How do you get out of the labyrinth of suffering?”
Looking
for Alaska é a busca de um adolescente pelo seu Grande Talvez, pela sua
aventura, pelos seus momentos de glória, onde sua vida seria mais do que o bom
e velho ordinário. É a história de um garoto que acredita ter encontrado o que
procura mas comete o erro de enxergar isso em algo tão mortal. Uma garota. Mas
nós chegaremos lá.
A relação
do Miles com biografias e last words e toda a simbologia
e metáforas que circula esse fato foi bastante interessante. A
exploração da idealidade da morte e daquele que morre. De que o que se é dito e
pensado em seus últimos momentos de vida é a forma mais simples de
resumir a personalidade daquela pessoa. É possível ver claramente quanto o
Pudge acredita nessa ideia quando em sua "missão" de entender a
Alaska, entender o que ela escondia atrás da garota agitada, engraçada e
inteligente, Miles sempre acabava se perguntando sobre o que ela teria pensado
antes de sua morte e se ela teria dito algo que agora certamente ninguém nunca
saberia.
Honestamente,
o pensamento ainda me faz questionar um pouco se é uma teoria inteligente. O
que eu sei é que esse é só um dos várias exemplos de falsa idealização que o
Green acrescenta na história. Mais um exemplo da idealização de um ser
mascarado e do valor que as pessoas tendem a dar ao que na maioria das vezes
não passada de uma fachada. E, principalmente, os contrastes entre o que nós
vemos versus o que nós somos. Miles passa cento e trinta e seis dias tentando
medir quão obscuro era aquele lado fechado de Alaska que raramente aparecia,
mas que ainda assim a dividia em duas pessoas que mais pareciam duas
polaridades.
“I found myself thinking about President William McKinley, the third American president to be assassinated. He lived for several days after he was shot, and towards the end, his wife started crying and screaming, "I want to go too! I want to go too!" And with his last measure of strength, McKinley turned to her and spoke his last words: "We are all going.”
Miles
como personagem pode ser ainda mais confuso. A forma que o Pudge narra o
"antes" e mesmo a divisão dos capítulos indica que o Miles que
narra já não é mais o Miles que viveu - destaque ao tempo em que o verbo foi
conjugado - aquele momento. E enquanto eu não tinha nenhum problema
com o narrador (na verdade a narração é um dos pontos positivos desse livro), a
falta de personalidade e inexpressividade, unidos à um personagem que idolatra
e fecha os olhos para as inconsistências de seus "ídolos",
tornaram difícil para mim criar um vínculo com o Pudge que vivia seus
primeiros dias no internato. O que se sabe é que Pudge é a ânsia
adolescente de querer fazer e ser mais do que eles são.
Em contrapartida
temos Chip "The Colonel" Martim, um personagem de tanta personalidade
que chega a ser desnorteante. Durante a minha leitura me preocupou muito que
por ser um personagem intrigante logo de cara, Chip fosse ter uma participação
linear na história. Logo, nós descobrimos que o que o Colonel tem de engraçado,
ele tem de sombrio.
Já sobre
a Alaska... Que personagem fascinante. Já pelo título nós sabemos que tudo que
envolve a garota vai ter algum fundamento na história. É uma análise sobre sua
personalidade (ou a falta ou excesso dela).
“Imagining the future is a kind of nostalgia. (...) You spend your whole life stuck in the labyrinth, thinking about how you'll escape it one day, and how awesome it will be, and imagining that future keeps you going, but you never do it. You just use the future to escape the present.”
É quase
irônico que o livro gire em torno de uma garota que, pelo menos metade dele só
está lá pela força da sua personalidade e memória. Alaska, como disse o próprio
Miles, é uma força da natureza e, assim como em vida, mobiliza pessoas que
não necessariamente tivessem simpatia pela garota.
Esse é
outro ponto importante na história do John Green. Como a ideia do cessar de
uma existência causa impactos mesmo em pessoas que não são próximas a
"vitima". Mais do que isso, principalmente na forma como Miles e Chip
lidam com a ausência da Alaska quando chegamos no "depois",
somos confrontados com o fato de que todo processo de luto é experienciado de
forma muito particular, que cada pessoa se agarra às crenças e imagens que mais
o conforta, e que todo esse processo é muito mais sobre a pessoa que ficou
aprendendo a readaptar sua rotina sem aquela que se foi, do que o sobre
questionamentos sobre para onde aquela pessoa foi, etc., etc.
Entendo
porque as pessoas possam não gostar desse livro, mas não posso deixar de me
perguntar se ele foi um livro lido no momento certo, com as intenções certas.
Muitos podem considerar John Green pretensioso, uma vez que as
denotações que ele faz em sua narrativa não são poucas e/ou se você se atenta
para elas. Acho que o cara soube, desde o inicio, muito bem o tipo
de mensagem e o tipo de história que ele queria construir e passar. Vejo
sim um padrão dentro dos livros dele. Contudo, o que vejo vai além dos
personagens principais nerds e quirkies,
das características românticas do amor inalcançável.
Vejo um
autor que leva muito a sério seus personagens, que não tenta mascarar a
intensidade dos sentimentos deles, não importa quão frustrante ou irritante ou
inocente eles possam soar. Vejo um autor que compreende seu público alvo e que dá
voz a eles.
E John
Green continua sendo meu autor favorito.
Amém.
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