@lavemagabriela: In the Afterlight, da Alexandra Bracken.

The Darkest Minds #3: In the Afterlight.

Autor(a): Alexandra Bracken

Editora: Disney-Hyperion

Ano: 2014

Paginas: 535

IBSN: 1423157524

Livros da Série: #1 e #2

Inglês nível: Intermediário/Avançado

no goodreads e no skoob.

(contém spoilers dos livros anteriores!)

“It rained the day they brought us to Thurmond. And it rained the day I walked out.”

Algumas semanas, após o bombardeamento do HQ em Los Angeles, a situação da Childrens League está, como diria minha querida avó, periquitante. Com a obvia baixa no número dos agentes da organização e o lugar seguro para se esconder a quilômetros de distancia, para completar o pacote de infortunidades, todas as rotas de entrada e saída de LA estão bloqueadas e, pouco a pouco, os militares que respondem ao governo dos Estados Unidos fecham seu cerco ao redor de Ruby, Liam, Chubs, Vida, Cole e todos os outros sobreviventes do ataque à base de operações.

Para tentar descobrir uma forma segura de sair da cidade, Ruby se enfia no meio do mato perto do acampamento militar para sondar a mente de alguns soldados com sua habilidade. A ideia é que os agentes da Liga se reagrupem ao norte no local que recebe o codinome Rancho, mas, ao retornar de sua missão, Ruby acaba por descobrir que alguns - se não todos - os Agentes que se dizem aliados da garota e das outras crianças Psi, não tem intensões tão inocentes assim. Afinal, a Agente Sen (e sabe-se lá quantos outros) tem um plano formado: Entregar todas as Psi para os PSF's e ficar com a grana preta, matando dos coelhos em uma cajadada só.

“They'd never fade, even in the afterlight of all of this”

E só porque é da Ruby, que estamos falando, a garota ainda tem na bagagem um Clancy mais inconveniente do que nunca, e um Liam tentando juntar os caquinhos que se transformou sua memória após a intervenção de Ruby ao final do primeiro livro dá série.

COMO RESENHAR ESSE LIVRO SEM DAR SPOILERS? GRRRR!!!

Supostamente, eu deveria ter feito essa leitura lá em outubro do ano passado, mas quem disse que eu tive coragem de me despedir desse universo e desses personagens? E apesar de ainda não estar pronta, nos dois dias que antecederam o inicio da minha leitura, eu não conseguia parar de pensar nesse livro e em todas as coisas que eu amo nessa trilogia.

O começo, mais uma vez, foi difícil. Voltar para esse mundo se provou trabalhoso, graças a nova ambientação da nova situação que nossos personagens se encontram. O livro já começa com uma cena de ação, no escuro, no meio do nada, com Ruby, como de costume, correndo para salvar sua vida. Porém, enquanto nos outros volumes me tomaram, sei lá, um ou dois capítulos para entrar na história, com ITA só foram necessárias algumas páginas.

Ruby se tornou uma personagem complexa, após o final de Never Fade e, principalmente, a morte do Jude. Claramente a personagem estava se movendo a base de estresse e tensão e quando foi a última vez que isso deu certo? A coitada tava mais perdida que agulha em palheiro, o que acabou me desnorteando também. Eu não sabia mais em quem eu podia ou não podia confiar ou quem tinha o melhor plano de ação e tava me levando à loucura. Haviam momentos que eu queria gritar um you go, girl, mas tinha horas em que eu literalmente enterrava a cara no travesseiro e implorava para a garota ser mais flexível, principalmente no que envolvia o Liam.

“The you that you were then, who you are now, who you'll be," he began quietly, as if sensing my thoughts, "I love you. With my whole heart. My whole life, however long I'm lucky enough to get, nothing will change for me.”

O push and pull desses dois estava me matando aos poucos. Meio que era de se esperar, já que a morte do Jude definitivamente desencadeou toda a neura dela de "preciso salvar todas as crianças dos Estados Unidos", e que no final das contas essa fixação fosse interferir na vida romântica da garota. O relacionamento desses dois trabalhava em picos. Ou eles estavam se estrangulando, ou eles estava por ai dando uns beijos e sendo fofos. Foram cenas frustrantes atrás de cenas frustrante, onde ambos estavam superconscientes um do outro e do que eles sentiam um pelo outro, mas ainda assim coisas bestas tendiam a estremecer o relacionamento deles. Toda essa potaria (beijos, Nandinha) podia ter sido resolvida com diálogos e honestidade, mas com a Ruby agindo como se não tivesse tempo para se abrir com seu namorado, Liam perdeu a necessidade de ser franco também. Ugh. Idiotas.

Com o drama Liam, vem de brinde o drama Cole. Esses dois. Tinham momentos que eu achava que ia entrar em trabalho de parto e ia dar a luz à uma criança fecundada na base de pura irritação (?). Com a Ruby rodando em volta de si mesma (emocionalmente falando), a personagem encontra apoio no Cole, que, por sua vez, tende a subestimar seu irmão mais novo e prende Ruby nessa armadilha entre os Stewarts, resultando em decisões idiotas e planos que se desenvolvem paralelamente, quando um nada mais era do que complemento do outro. Mais uma vez: Idiotas.

Apesar de o espaço para os sidekicks ter encurtado, tudo que envolve o retorno da Zu, o lado irmã mais velha da Vida e a inteligência e senso de humor (ou falta dele) do Chubs foi lindo. O fato de termos a família quase toda reunida (Juuuuuuude, meu coração ainda chora) foi outro ponto alto, com certeza. ITA não tem muitos momentos de fofuras e alegrias gratuitas, mas na maioria que elas aconteciam, nós tínhamos esses três envolvidos direta ou indiretamente.

“There is one side. That is the side of friendship and trust and love and that is the side that everyone should be on, and I am refusing to acknowledge that any other side could exist.” — Chubs.

Por último, no que se trata dos personagens, nós temos A Porra do Clancy. Agora, eu não vou mentir, em alguns momentos eu tive uns lapsos de simpatia pelo psicopata juvenil, mas não tinha como durar, né? É. A Porra do Clancy é o retrato da pessoa que nasce para atrasar a vida dos outros e se orgulha muito disso. Em sua busca cega pela vingança, o cara quase estraga vários dos planos que beneficiariam milhares de crianças. Olha, ainda bem que o Nico fez as vezes e gritou na cara do palhaço tudo que tava entalado nas nossas gargantas durante os últimos três livros. Egoísta, mesquinho e frio, A Porra do Clancy mais do que mereceu o final que teve.

In The Afterlight como um todo foi um teste para os nervos. Com o passar dos livros na série os tópicos foram ficando cada vez mais pesados, e em ITA o clima é quase sufocante. Juntamente à isso, enquanto nos livros anteriores praticamente tudo acontece em road trips, em ITA nós ficamos confinados na maioria do tempo em um único ligar. No subsolo, ainda por cima. Minha claustrofobia, coitada...

Várias vezes eu era surpreendida pelo fato de que todos esses três livros acontecem em questão de dois ou três meses. É comum as vezes os personagens em livros dizerem isso, que eles mal podiam acreditar que apenas um dia ou dois haviam se passado, mas ITA foi o primeiro que me fez ter essa sensação de que tinha muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, ainda que a narrativa tenha sido mais do que coerente e um evento não tenha atropelado o outro. Muito pelo contrário, na verdade.

Um dos maiores problemas que quase todo leitor tem com trilogias distópicas é que raramente nós nos contentamos com os finais. Só consigo imaginar como deve ser difícil para um autor do gênero se balancear para um final realista não só para os personagens, mas para toda uma sociedade que, obviamente, está toda cagada. Por esse motivo, mais uma vez tive que ficar impressionada com a capacidade criativa da Alexandra. A autora amarra cada ponta solta e responde todas as perguntas sobre os o quês e os comos do IAAN, fechando a trilogia com chave de ouro.

“What I’m trying to get at is, as bad as everything seems, I think, at its heart, life is good. It doesn’t throw anything at us that it knows we can’t handle—and, even if it takes its time, it turns everything right side up again.” — Liam.

A cena final foi a coisa mais linda e pela primeira vez em meses eu chorei de alegria pela normalidade que o futuro desses personagens prometia. De novo e de novo eu tinha que me lembrar que essa é uma história fictícia e que essas são crianças fictícias, porquê meu apego por todos, absolutamente todos eles foi quase overwhelming. Ver eles crescerem e ver tudo que eles tiveram que passar para ter de volta algo tão ordinário quanto um lar seguro foi sensacional.

Com ITA, Alex Bracken mais do que manteve o posto dessa trilogia no meu coração, mas assegurou que enquanto eu viver essa vai ser uma das leituras mais marcantes e significativas que já fiz. Ainda vai levar um tempo pra eu lidar com o fato de que acabou, ainda que eu não pudesse estar mais feliz com a forma que as coisas terminaram.