No último dia seis de outubro acordamos com a notícia de que nossa
querida e amada Stephenie Meyer tinha dado uma de Beyoncé e lançado um livro chamado Life and Death em comemoração ao aniversário de dez
anos do lançamento de Crepuscúlo e início (goste ou não) de uma da maiores e
mais influenciadoras sagas literárias dos últimos anos. Oi? A Twiharzada ficou
ensandecida achando que finalmente, finalmente Steph tinha se
apiedado dos nossos pobres corações, cedido aos nossos olhos pidões, e
terminado o que ela começou em Midnight Sun. Infelizmente, o buraco é mais
embaixo.
Em Vida e Morte: Crepúsculo Reimaginado, conhecemos Beaufort
Swan, um garoto de 17 anos que, altruistamente, decide se mudar da calorosa
Phoenix, onde morava com sua mãe, para a chuvosa Forks, onde morará com seu
pai. Você conhece a história. No primeiro dia de aula, Beau se depara com os
Cullen, tendo sua atenção presa à Edythe, a linda garota de cabelos acobreados
e atitude hostil. O cara já está para lá de fascinado (me recuso a dizer
apaixonado! não me lembrava de Twilight tendo esse nível quase cômico de
instalove) quando descobre que Edythe é uma vampira.
Editora Intrínseca, 2015 - 391 páginas. IBSN: 8580578558 |
Infelizmente, só fui descobrir qual era o grande segredo para ler esse
livro quando já estava na metade: você tem que aceitá-lo pelo que ele é: Um
conteúdo bônus escrito depressa. Por mais que ele levante (e levantou) tópicos
a serem discutidos, como generalizações, sexismo e expectativas
comportamentais baseadas em gênero/sexo, não foi para isso que ele foi escrito. Vida
e Morte é um docinho para os fãs e só.
Se não me engano, a última vez que se quer peguei qualquer um dos livros
da Saga Crepúsculo na mão para qualquer outra coisa que não
fosse reorganizá-los na minha estante, foi em 2011. É claro que, entre 2011 e
hoje, muita coisa mudou. Meu gosto literário, o que me leva a ficar irritada ou
frustrada com os personagens, o que eu considero bom, o que considero ruim, o
que considero meh. Eu cresci, é o que quero dizer, e deixei de
acreditar/sonhar/esperar muita coisa desde que li Crepúsculo pela primeira vez
nos altos dos meus catorze anos (como deveria!).
Hoje, o famoso instalove, o relacionamento codependente, as
personalidades rasas e o comportamento geral dos personagens da Stephenie me
incomodam. Sei que essas são características de Bella e Edward também,
mas não consigo culpá-los pela decepção que foi ler uma história que sou tão
apegada ou me sentir emocionalmente aquém dessas pessoas e de suas
vidinhas medíocres. Mas com o pobre do Beau não pude fazer nada além de consagrá-lo oficialmente como o personagem mais sem
personalidade que já vim a ler até hoje.
A boa notícia é que, desesperada, tentando achar algo para gostar no
livro, me dei conta de como Stephenie seria menos subjugada como autora se
dedicasse suas histórias ao desenvolvimento do plot, invés de ir pelo caminho
do apelo emocional. Um minutinho para vocês lembrarem da mitologia geral de Crepúsculo (não se esqueçam dos Volturi) e, para aqueles que leram, de A Hospedeira.
Ninguém pode negar que Steph é uma contadora de histórias nata. Suas
narrativas são sempre bem estruturadas, sua escrita é precisa, e a ordem dos
eventos é inteligente. A ideia de desconstruir seus renomados personagens
e reconstruí-los em corpos opostos abre (e abriu) portas para uma
toneladas de discussões sobre o que é esperado de cada gênero. Mas mais do que
isso, a forma como cada cena de ação se torna mais intensa, mais intensa, mais
intensa, até que temos a grande cena climax... É tão natural ficar desesperado,
sem saber o que vai acontecer (mesmo que saibamos exatamente o que vai
acontecer). Dá para ver que ela dedicou tempo rascunhando e organizando suas ideias para que tudo se encaixasse de forma muito natural. E isso é muito mais tempo do que
muito autor contemporâneo dedica em suas histórias.
Como uma porrada de gente por aí, a Saga Crepúsculo foi de
suma importância na minha vida como leitora. Mais uma vez, goste ou
não, abriu as portas de um universo que até então parecia secreto, misterioso:
O Mundo Encantado dos Livros para Jovens-Adultos. Paranormais, contemporâneos,
fantasias épicas, não importa. Foi na busca do próximo Crepúsculo que séries
como Academia de Vampiros, Hush Hush, Fallen e Diários do Vampiro
(que ganhou série para TV e tudo) vieram à atenção, mesmo quando alguns deles
já tinham sido publicados anos antes. Algo que não acontece desde, vejam só
vocês, Harry Potter. Não é à toa que somos tão orgulhosos de uma série
que, convenhamos, passa longe de ser da melhor qualidade. Esses são fatos que
ninguém pode mudar, bem como o carinho gostoso que toda uma legião de então
adolescentes tem pela saga.
A sensação nostalgica ao olhar ou escutar sobre esses livros sempre vai
existir, mas de certa forma, Vida e Morte encerrou um ciclo da
minha vida como leitora que nem sabia que ainda estava em movimento.
Obrigada Stephenie.
Nenhum comentário:
Postar um comentário